Sinopse:
Equilibrium é uma das melhores produções que surgiram no gênero
ficção-científica de ação desde Matrix, em 1999. Aliás, é com Matrix
que este filme vem sendo comparado, desde que foi lançado, no segundo
semestre do ano 2002 nos Estados Unidos. É, portanto, um daqueles
famosos filmes-cult, feitos geralmente com orçamento baixo a moderado,
que não foi bem nos cinemas, e ainda assim, por possuir características
marcantes, tem uma horda de fãs.
Mas Equilibrium é também um filme muito mais humano e pessoal,
sobretudo. John Preston, o personagem central, é muito mais frágil (e,
portanto, interessante) que Neo. No geral, a comparação é válida, mas
não deve ser levada ao pé da letra. Equilibrium recorre mais uma vez ao
tema do futuro negro, encontrado em tantas obras famosas, como Blade
Runner, Cidade das Sombras, Brazil – O Filme, 1984, etc.
Assim como Matrix, Equilibrium passa-se num futuro devastado, mas agora
o homem não é escravo das máquinas, e sim dele mesmo. Após a temida
Terceira Guerra Mundial ter acontecido, nos primeiros anos do século
XXI, os sobreviventes resolvem cortar a possibilidade de existência de
uma futura guerra (que, segundo eles, aniquilaria de vez com todos),
acabando com o principal motivo que leva a elas: os sentimentos. “O
Pai”, como é denominado o grande líder dessa nova sociedade, tem à sua
disposição uma droga que deve ser injetada diariamente no organismo de
todas as pessoas (por lei), para inibição de qualquer tipo de
sentimentos. Os humanos passam a agir como robôs, mas ao menos estão
livres dos piores males da humanidade, principalmente das guerras.
Assim, tudo que desperta qualquer tipo de emoção ou sentimento é
terminantemente proibido no mundo de Equilibrium: arte, música, amor...
Quem é possuidor de algum desses objetos ou emoções é executado.
Obviamente, há um enorme grupo
de resistência que é contra a extinção dos sentimentos, e John Preston é
um dos “sacerdotes” (os agentes do sistema mais respeitados e
excepcionalmente treinados) que trabalha para exterminar essa
resistência. Avassalado por um passado triste que, mesmo com a
inexistência de emoções, corrói a sua mente, Preston acaba ficando sem
tomar a droga durante um dia, e não consegue mais viver sem sentir
emoções. Ele quer tê-las, mas tem que fazer de tudo para esconder das
autoridades maiores e de seu novo parceiro.
Esse é um resumo geral da história de Equilibrium, que ainda possui
inúmeros pormenores, detalhes, que a tornam ainda mais interessante. Há
vários personagens coadjuvantes muito bons, como o antigo parceiro de
Preston (interpretado por Sean Bean), uma mulher da resistência ao
sistema (Emily Watson) e o próprio “Pai”. O roteiro coloca várias
reviravoltas no caminho de John, e felizmente todas elas conseguem
elevar a história sempre um nível em termos de qualidade, o que faz com
que o clímax do filme chegue com um tom até mesmo épico para o
personagem.
As cenas de ação encontradas em Equilibrium são um capítulo à parte, e
irão fazer os fanáticos pelo gênero, mesmo se ignorarem a história
forte e interessante, apreciar o filme. Sem muitos recursos à
disposição para encher a tela de efeitos especiais, o diretor Kurt
Wimmer inventou, dentro do filme, uma modalidade de luta que utiliza
armas de fogo (o estilo de luta tem inclusive um nome, do qual não me
lembro agora). É basicamente um monte de piruetas ágeis que, se bem
realizadas, fazem do seu mestre um assassino capaz de aniquilar dezenas
de inimigos sozinho. John Preston é um dos maiores mestres desse
estilo de luta, e você pode ter certeza que ele vai mostrar alguns
movimentos de babar durante o filme. As coreografias ficaram excelentes
e bastante impactantes (utilizam alguns efeitos por computação, mas
aparentemente apenas para retocar as lutas), e a maioria delas é de
cair o queixo.
Com um roteiro sólido, boas
atuações, e cenas de ação de tirar o fôlego – tudo isso com um
orçamento modesto – este filme é uma belíssima surpresa no gênero, tão
desgastado desde que Matrix foi lançado em 1999.